- Já está nublado demais para que discutamos sobre isso. Acha que vai parar de chover? Eu acreditava, não mais...
Era uma tarde nublada e nada poderia freiar as gotas que caíam, ríspidas, do céu. Adiantava de nenhuma maneira rezar para que aquele fenômeno parasse. Ele o encarava com olhos cheios d'água, como aquela gota que caía daquele manto acinzentado sob os dois garotos.
- Mas você me prometeu que tentaria. Dei-lhe motivos, dei-lhe força, mas de nada adiantou ter tentado tarde demais. - fala o outro menino, abaixando a cabeça como se a mesma pesasse uma tonelada. - Tudo que fiz foi me dedicar a você; perdi dias e horas, contudo, ganhei uma vida.
(...)
E, agora, o garoto se encontrava perdido debaixo daquele céu pincelado de cores cinzas. Estava sozinho esperando seu ônibus passar. Carros voam em São Paulo como discos deslizam no ar e, por sorte, encontra, em um vão de folhagens de uma árvore, uma estrela em pleno dia. "Não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado. No matter how dark the night, morning always comes, and our journey begins anew". Estes eram os pensamentos que vieram na cabeça do jovem que alí estava esperando seu ônibus diário. Pensamentos estes que aprendera na escola, de algum autor que não se lembrava no momento por malandragem - lembrara que, quando estava na aula de literatura, mais pensava em sua alma gêmea que no nome do dono dos versos - e, então, volta a pensar naquele que domina sua mente. Seus olhos enchem de lágrima novamente e, paralelamente à chuva, suas lágrimas molharam a Avenida Paulista, deixando sua marca inéspita e inesperada naquela grande cidade.
(...)
"Dia 27 de Setembro de 2010
(se escreve Setembro ou setembro? Lembrar de pesquisar sobre isso...voltando ao assunto...)
Caro Diário,
Inerente ao meu pensamento sólido de construção de dias melhores, hoje foi o castigo que o Diabo me devia. Eu sei que xinguei muito meu irmão quando menor, fui chato demais e fiz muita maldade... mas precisava de descontar tudo agora, senhor Diabo?
Estive esperando pelo que me parecia mais propício para o momento, mas as respostas do destino sempre vêm quebrando o sigilo da tristeza. Mistérios ao ar, porém, pelo simples fato de ser alguém bom e honesto, nada muda como uma verdade absoluta. Sou um menino muito dedicado, sempre amei a família como se fosse meu bem mais precioso - e é - e descobri que nada adianta cultivar amizades escolares. Elas nunca vão para frente do jeito que queremos. E o que tiramos disso? Uma queda na perspectiva da felicidade. Não posso depositar minha felicidade nem meus erros nos outros. Tenho que cultivar minha vida e meus valores. O mundo é egoísta, eu sei, e temos que saber jogar com ele antes que ele nos use como seus peões de frente (aqueles que são usados para serem mortos, como íscas, num jogo de tabuleiro).
Mas, acima de tudo isso, eu não consegui evitar um desidratação involuntária de meu corpo. Como é difícil entender a biologia! (grande biologia, que vem tomando as estruturas dos meus neurônios e os fazendo de escravos da ciência estudiosa). Adianta ser a melhor pessoa deste planeta para GARANTIR alguma coisa? Nossa vida é uma sequência de incógnitas, probabilidades, "análises combinatórias" para que se chegue a um fim próximo. Às vezes o fim já chegou e nem percebemos. Mas o fato é que a biologia me pegou denovo num momento desintegrado por um sentimento compulsivo. Eu sei que eu amo aquele menino. Amo, e repito, amo muito. Ultrapassa os entendimentos das ciências. De que adianta isso se mal consigo ajudá-lo em sua felicidade? Dever não cumprido, digo entre linhas penosas. Tentei o avisar da minha filosofia de vida. Temos que lutar por nós. Se não nós, quem será que vai nos ajudar, nos amar, viver conosco, crescer conosco e nos mostrar o que é a felicidade? É um paradoxo que não nos ensinam quando criança. Deveriam nos informar desde cedo que temos que encontrar nossa alma gêmea para que aprendamos a viver.
Voltando ao assunto - muito fugido desde então -, estou aqui dando minha bandeirada da desistência. Nem sempre tudo é como queremos. Mas posso falar que TENTEI. É difícil aceitar a situação, mas, como vos disse, ele [meu amor] é quem sabe em qual estação quer viver. No outono, verão, primavera, inverno... São tão lindas, não? Nem tanto. O inverno congela demais, o verão, abafa demais. já a primavera tem chuvas constantes, e eu não gosto de chuvas, a menos que esteja em casa e quieto. Gosto mesmo é do outono. Nele, eu posso pular, sair, me divertir e curtir o mesmo clima árido o dia todo, sem medo de que alguma imprecisão do tempo chegue a me atingir - a nos atingir. Pena que as folhas do outono sempre cáem. Mas é necessário, entendido que é preciso que haja todas as estações no ano. Afinal, a decisão não é minha. E todos gostam de uma estação.
Eu prefiro pensar no outono. Ele, não sei, só sei que eu o amo nas quatro estações, cada uma com seu jeitinho e sua característica.
Que saudade do meu homenzinho..."
Era uma tarde nublada e nada poderia freiar as gotas que caíam, ríspidas, do céu. Adiantava de nenhuma maneira rezar para que aquele fenômeno parasse. Ele o encarava com olhos cheios d'água, como aquela gota que caía daquele manto acinzentado sob os dois garotos.
- Mas você me prometeu que tentaria. Dei-lhe motivos, dei-lhe força, mas de nada adiantou ter tentado tarde demais. - fala o outro menino, abaixando a cabeça como se a mesma pesasse uma tonelada. - Tudo que fiz foi me dedicar a você; perdi dias e horas, contudo, ganhei uma vida.
(...)
E, agora, o garoto se encontrava perdido debaixo daquele céu pincelado de cores cinzas. Estava sozinho esperando seu ônibus passar. Carros voam em São Paulo como discos deslizam no ar e, por sorte, encontra, em um vão de folhagens de uma árvore, uma estrela em pleno dia. "Não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado. No matter how dark the night, morning always comes, and our journey begins anew". Estes eram os pensamentos que vieram na cabeça do jovem que alí estava esperando seu ônibus diário. Pensamentos estes que aprendera na escola, de algum autor que não se lembrava no momento por malandragem - lembrara que, quando estava na aula de literatura, mais pensava em sua alma gêmea que no nome do dono dos versos - e, então, volta a pensar naquele que domina sua mente. Seus olhos enchem de lágrima novamente e, paralelamente à chuva, suas lágrimas molharam a Avenida Paulista, deixando sua marca inéspita e inesperada naquela grande cidade.
(...)
"Dia 27 de Setembro de 2010
(se escreve Setembro ou setembro? Lembrar de pesquisar sobre isso...voltando ao assunto...)
Caro Diário,
Inerente ao meu pensamento sólido de construção de dias melhores, hoje foi o castigo que o Diabo me devia. Eu sei que xinguei muito meu irmão quando menor, fui chato demais e fiz muita maldade... mas precisava de descontar tudo agora, senhor Diabo?
Estive esperando pelo que me parecia mais propício para o momento, mas as respostas do destino sempre vêm quebrando o sigilo da tristeza. Mistérios ao ar, porém, pelo simples fato de ser alguém bom e honesto, nada muda como uma verdade absoluta. Sou um menino muito dedicado, sempre amei a família como se fosse meu bem mais precioso - e é - e descobri que nada adianta cultivar amizades escolares. Elas nunca vão para frente do jeito que queremos. E o que tiramos disso? Uma queda na perspectiva da felicidade. Não posso depositar minha felicidade nem meus erros nos outros. Tenho que cultivar minha vida e meus valores. O mundo é egoísta, eu sei, e temos que saber jogar com ele antes que ele nos use como seus peões de frente (aqueles que são usados para serem mortos, como íscas, num jogo de tabuleiro).
Mas, acima de tudo isso, eu não consegui evitar um desidratação involuntária de meu corpo. Como é difícil entender a biologia! (grande biologia, que vem tomando as estruturas dos meus neurônios e os fazendo de escravos da ciência estudiosa). Adianta ser a melhor pessoa deste planeta para GARANTIR alguma coisa? Nossa vida é uma sequência de incógnitas, probabilidades, "análises combinatórias" para que se chegue a um fim próximo. Às vezes o fim já chegou e nem percebemos. Mas o fato é que a biologia me pegou denovo num momento desintegrado por um sentimento compulsivo. Eu sei que eu amo aquele menino. Amo, e repito, amo muito. Ultrapassa os entendimentos das ciências. De que adianta isso se mal consigo ajudá-lo em sua felicidade? Dever não cumprido, digo entre linhas penosas. Tentei o avisar da minha filosofia de vida. Temos que lutar por nós. Se não nós, quem será que vai nos ajudar, nos amar, viver conosco, crescer conosco e nos mostrar o que é a felicidade? É um paradoxo que não nos ensinam quando criança. Deveriam nos informar desde cedo que temos que encontrar nossa alma gêmea para que aprendamos a viver.
Voltando ao assunto - muito fugido desde então -, estou aqui dando minha bandeirada da desistência. Nem sempre tudo é como queremos. Mas posso falar que TENTEI. É difícil aceitar a situação, mas, como vos disse, ele [meu amor] é quem sabe em qual estação quer viver. No outono, verão, primavera, inverno... São tão lindas, não? Nem tanto. O inverno congela demais, o verão, abafa demais. já a primavera tem chuvas constantes, e eu não gosto de chuvas, a menos que esteja em casa e quieto. Gosto mesmo é do outono. Nele, eu posso pular, sair, me divertir e curtir o mesmo clima árido o dia todo, sem medo de que alguma imprecisão do tempo chegue a me atingir - a nos atingir. Pena que as folhas do outono sempre cáem. Mas é necessário, entendido que é preciso que haja todas as estações no ano. Afinal, a decisão não é minha. E todos gostam de uma estação.
Eu prefiro pensar no outono. Ele, não sei, só sei que eu o amo nas quatro estações, cada uma com seu jeitinho e sua característica.
Que saudade do meu homenzinho..."
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